Publicado na Revista Aspectos n.o 141 de Maio de 2009
(Isabel Oliveira)
Na linha das sábias palavras do pedagogo Paulo Freire, a educação deve ser a prática da liberdade. E enquanto prática da liberdade deve ter como desafios a educação baseada no respeito mútuo, promovendo a aprendizagem emocional, vocacionada para a felicidade, inspirada no desenvolvimento da criatividade, potenciando assim o bem estar, pessoal e social.
Segundo N. Curbelo “O desafio mais urgente da humanidade talvez seja desenvolver toda a sua capacidade de sentir compaixão, compadecer, padecer-com, para que nossa evolução super-desenvolvida no técnico, mas atrofiada no cultural e social nos leve a um mundo em que a paz, a tolerância, a justiça ou a igualdade de direitos não sejam palavras que descrevam desejos sem realidades conjuntas que as respaldem, mas que expressem a beleza dos conteúdos de uma tarefa humana possível e visível”.
A Mediação é uma negociação com a intervenção de um terceiro neutral, baseada nos princípios da voluntariedade das partes, da neutralidade e imparcialidade do terceiro (mediador) e na confidencialidade do processo, com o fim de que as partes encontrem soluções que sejam mutuamente satisfatórias.
A mediação, enquanto meio construtivo de resolução de conflitos (na expressão de P. Cunha), oferece, pelo que proporciona aos envolvidos no conflito, um espaço ideal para desenvolver, quer naqueles que desempenham o papel de mediadores, quer naqueles que como mediados trabalham para a resolução dos seu problema, a capacidade de respeito mútuo, comunicação assertiva e eficaz, compreensão da visão do outro, aceitação da diferente percepção da realidade. Na mediação trabalha-se a cooperação (para resolver um problema comum), o respeito, a identidade e o reconhecimento do outro enquanto pessoa e ser total.
Neste sentido, defendemos que o espaço ideal para começar a desenvolver estes valores é a escola. A forma como ensinarmos as nossas crianças a resolverem os seus conflito, definirá, em parte, o nosso sonho de futuro numa sociedade de bem estar. “Educar para reduzir os conflitos supõe apostar na felicidade” (M. Burguet).